☄️ FELIPA CRÍTICA: A DINASTIA PERPETUA

Depois do bom conflito de terras escrito em "Flores & Caos", Guilhardo Almeida retorna com a continuação dessa saga familiar e ainda introduz um personagem importante de "Corrompidos", com a intenção de revelar seu passado e apresentar novas camadas


O autor Benedito Ruy Barbosa foi um dos grandes responsáveis por popularizar narrativas rurais e misturar com sagas familiares durante os anos noventa, a estrutura de "A Dinastia Perpetua" não nega as referências, mas também é incisivo ao mostrar as raízes em tramas como "Yellowstone" da Paramount+, "Twin Peaks" da ABC, além de beber da literatura e do cinema. 

A produção é rica em referências e sabe manter sua estrutura firme, a produção que continua a saga familiar dos Dales e Candarnos, traz dois protagonistas com propostas diferentes, mas estão juntos nessa nova narrativa. 

Dante é um rapaz que sofreu no passado, mas hoje vive bem e decidi visitar a cidade de Pétalas, local onde vive Daniel, um amigo que Dante fez nas estradas. É nessa cidade que vivem duas poderosas família: Dales e Candarnos. Sem saber de quem essas famílias realmente se tratam, Dante decide ajudar Daniel nos seus planos contra essas pessoas. O que Dante não sabe é que essas pessoas que ele vai ajudar a detonar são na verdade a sua família que ele nunca soube. 

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A estreia de "A Dinastia Perpetua" faz do roteiro uma passarela e transforma seus personagens em modelos, enquanto os looks são seus conflitos internos. É um desfile de personagens bem construídos e apresentados. O primeiro episódio não brinca com o público e não o faz de idiota. É uma estreia certeira e decidida, ela nos mostra como está a situação dos Dales e Candarnos, após 50 anos e nos apresenta os novos personagens, ao mesmo tempo que, traz de volta Dante (Corrompidos) e nos introduz o misterioso Daniel. 

O que faltou na estreia do primeiro episódio em relação aos protagonistas, foi compensado no segundo episódio. O aprofundamento em quen realmenre é Daniel, nos anima para o resto da temporada. É um personagem que está mostrando que não irá perder tempo e tem um objetivo certeiro. O seu envolvimento com o Dante é uma outra carta na manga de Almeida. 

Enquanto esses dois rapazes planejam se envolveram com as duas poderosas famílias, somos apresentados a esses dois clãs que dão sustentados por uma estrutura sólida, em que cada personagem tem camadas e nuances preciosos. A trama se divide entre passado e presente, nos trazendo elementos de narrativa moderna e deixando a produção ainda mais requintada. 

O background da série é bem caracterizado e descrito, muito pelo personagem Elton e Catarina, mas paralelamente a isso, somos hipnotizados pela complexidade do personagem Luís Carlos, um sujeito dúbio e que está disposto a ir longe pela empresa da família. 

A série é cheio de mistérios a serem resolvidos, mas ela dá espaço para romances e dramas muito construídos até então. Guilhardo demonstra atenção e cuidado em seu texto. O roteiro é uma evolução gigantesca de Corrompidos e isso é o que mais impressiona, a trama é guiada pelos diálogos, mas sem deixar desejar nas ações. 

As criações de Guilhardo Almeida são certeiras, basta apenas observar os seus planos de fundo. Ele vai além do que uma simples história, um único enredo, o autor quer extrair o máximo de seus personagens, o máximo dos conflitos e ele é um autor que não segura trama, essencial para toda a obra. Embora a morte do personagem Evandro tenha sido necessária, foinuma lástima perder ele, pois pelos flashbacks, o personagem se mostrou riquíssimo diante a trama que iremos acompanhar.

Enfim, o que faltou na estreia, foi recompensado no segundo episódio. Realmente, Guilhardo não deu sorte com datas. O autor pegou o início de "Luísa" com "Flores & Caos" e agora, pegou o fim de "Luísa" com "A Dinastia Perpetua", contudo, enfrentar Luísa não impediu o autor de nos fornecer um conteúdo bem escrito e desenvolvido. 

Portanto, "A Dinastia Perpetua" é um drama saboroso quando se propõe aprofundar em conflitos e instigar mistérios. Recheada de clichês, Almeida a transforma em um evento, quando inova no desenvolvimento com capricho e sem muitos escorregões. 


LEIA A TRAMA AQUI.

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